.soneto ao caju.

À vocês, pessoas que distribuem gentilezas de graça. 


"Amo na vida as coisas que têm sumo 

E oferecem matéria onde pegar 
Amo a noite, amo a música, amo o mar 
Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo. 



Por isso amo o caju, em que resumo 
Esse materialismo elementar 
Fruto de cica, fruto de manchar 
Sempre mordaz, constantemente a prumo. 



Amo vê-lo agarrado ao cajueiro 
À beira-mar, a copular com o galho 
A castanha brutal como que tesa: 



O único fruto - não fruta - brasileiro 
Que possui consistência de caralho 
E carrega um culhão na natureza."



Vinícius de Moraes - Hollywood, 1947.

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