.uma biografia anatômica ou a ferida que eu não posso pontuar.
Photography by Kyle Thompson |
A anestesia está passando.
Continua embaçado,
Mas a névoa vai passar.
É absurdo ter que lembrar-te,
A ferida foi em mim.
Minha perna encontra a quina que
rasga. Rasga.
Meu pulso encontra faca,
tesoura, unha e desespero.
Minha caminhada é rasgada pela
repetição.
Os calos sangram.
Invisível, minha cabeça é
repetidamente almofada dos voos.
As lágrimas vermelhas caem.
De ignorar a ferida, surge o
calcanhar nunca superado.
E de carregar, minhas costas
nunca descansaram.
Eis que em mim, todas as
feridas terminam abertas.
Todos os dias, é necessário
sangrar mais para sangrar menos.
As mãos pesadas me rasgam e
dizem curar.
Eu acredito. Iludidamente?
A ferida é mais profunda do que
a casca aparenta.
E eu que pensei que em mim
seria só um arranhão.
Iludida.
Iludida? Eu sabia?
Eu sabia.
A ilusão da cura é rasgada.
Pensei, como um afago, que ao
menos na saída eu seria buraco de bala.
Parece que eu fui um arranhão.
Existente Rapidamente
Chata Inconveniente
Em mim, há a necessidade de
pontos
(Que nunca são dados
Pontos são o superficial
Não é Real.
Oi, aure |
Não podia só dessa vez
eu escolher the road already
taken?
não.)
Eis outra ferida, que eu não
posso pontuar.
Você me rasgou mais do que o
cego bisturi.
Te chamaria de cirurgião que
treme
Mas as feridas são compatíveis
A uma autopsia suja
A uma monitoria despreocupada
No cadáver esquecido
Tentava abrir mais feridas na
esperança que a aquela parasse de doer.
Eis que já estou falando
demais.
“Haverá uma boa cicatrização,
só (que) hoje não”
A curetagem deixa a marca do
grito (e o sangue seco).
A cabeça nega mas a pele não.
Só o vermelho é Real.
Orgulhosamente, nunca gostei do
verde.
A voz amiga diz, she’s back.
I’m back.
Na maré de hoje,
Eu faço o meu próprio curativo,
a minha própria curetagem.
Dessa vez, irei curar?
Irei curar.
Ainda existe a distensão.
Mas há muito tempo, a náusea já
é familiar.
Eu não vomitarei por ti.
Eis que já estou falando
demais.
Mas oceano não para,
E não irei silenciar.
A cura é de dentro pra fora.
E hoje eu grito,
Tirem de mim todo o branco.
lê.
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