.texto cruel demais para ser lido rapidamente

escrevo esse texto diretamente do chuveiro com um sorriso de puta nos olhos e os dentes truncados trincados trancados
que se foda
eu pinto as unhas do pé de vermelho porque um cara disse que era coisa de vagabunda e eu ri
porque é o que eu faço
te pergunto se assistiu donnie darko mas nem ligo pra resposta. 
toda criatura morre sozinha ou quase isso, foi o que ela disse, não foi?
não te dói saber disso? ou você está conformado com a triste verdade sobre o fim dos seus dias? morremos só, orson também disse
e disse que nos iludimos com os outros para que a dor do reconhecimento seja amena
sabe? a gente gosta de mentiras
esses homenzinhos tão repletos de cenas de sexo na cabeça poetizando suas musas sem rosto e pintas no corpo enquanto eu apodreço nos esgotos virtuais da literatura moderna
se eu abrir as pernas, você me escreve um poema?
e esse poema mata a minha fome de amor, adorável mentiroso? ela mata alguma coisa além da minha esperança em ser algo significativo?
outro sorriso enquanto a água desliza pelas curvas que a minha gordura faz em torno dos meus músculos e ossos já cansados da rotina que tritura nossos sonhos
falo num plural hipotético porque eu também minto, meu amor. sou outra ilusão criada pelos seus olhos tão necessitados de paz, mas eu não sei ser tão difícil como as garotas que você apresenta aos seus amigos
eu não sei te enrolar num carretel de mistérios como a garota com quem você atualiza seu status de relacionamento no facebook
tô num carrossel de medos mortais, cara
e a gente sangra pelos poros aqui
e venta forte
talvez eu tenha sorte no azar
toda destruição é uma espécie de criação, donnie?
quando então eu vou nascer para a mesma covardia
que sorri inteira toda vez que, às sexta-feiras, vem correndo me matar?

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